segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Arabesque


Arabesque de Emanuel Mattini

O nome arabesque vem do árabe – aa rah besk – e quer dizer 'ornamento'. É um termo bastante usado, não só para nomear o passo de dança, mas também um estilo de ornamento complexo com formatos geométricos compostos de traços curvos e um gênero musical. É o nome de companhias de dança, de cds e filmes.



Arabesque é um dos passos mais conhecidos em dança, muito visto no ballet, mas também na dança do ventre. E como é belo, talvez um dos passos mais belos de se ver. É aquele momento em que a bailarina além de mostrar todo o seu equilíbrio, flexibilidade (em alguns casos) e leveza, se eleva, parece que vai voar. É um momento em que o corpo está alongado, bonito, e ainda fica mais bonito com aquele olhar para o alto, que segue a direção da perna, dos braços e das mãos.

O arabesque é a posição em que o peso do corpo fica sobre uma das pernas e a outra fica esticada para trás. A perna na qual o peso do corpo está apoiado pode estar em meia-ponta ou inteiro no chão. Os braços ajudam a formar o desenho elegante do arabesque. O tronco tem que estar bem reto. No ballet, pelo que estive pesquisando, vi que existem vários tipos de arabesque dependendo da escola (italiana, russa etc). Na dança do ventre o movimento foi introduzido no século XX, como boa parte da técnica que conhecemos hoje, vindo do ballet.



Em uma música clássica de dança do ventre ele pode ser usado na entrada da bailarina, no meio da música e no encerramento. É um movimento que fica bonito em sequências, ou na finalização de giros, é bastante versátil. Sua técnica pode parecer simples, mas ele exige força e flexibilidade da bailarina, podendo sobrecarregar joelho e coluna se não for feito corretamente. Quando o arabesque for bem alongado, é muito importante que se tome cuidado com a finalização, para que não haja uma "queda" brusca da outra perna, sobrecarregando o joelho. Por isso é um movimento a ser bastante treinado e, para quem deseja fazê-lo como no balé ou "a la Saida", ou seja, bem alto e alongado, deve-se treinar muito para evitar lesões. Claro que para isso o trabalho da professora é essencial, e a aluna deve ter consciência de seus próprios limites e não sair por aí dançando tentando esticar ou elevar a perna acima do normal (eu já tive dores por causa disso, experiência própria).

As bailarinas egípcias fazem um arabesque menor, com a perna de trás flexionada, que eu aprendi como "arabesque oriental". Ele oferece uma dificuldade menor do que o outro, e na minha opinião pessoal, não fica tão bonito.



Pra quem curte um pianinho (eu amo!!!) recomendo ouvir o mais famoso dos arabesques da música erudita para piano, o Arabesque n. 1 de Debussy, compositor francês do impressionismo. Essa música me faz imaginar muitas coisas, às vezes uma tela sendo pintada, com as cores sendo misturadas aos poucos, com tons claros e escuros e variando entre pinceladas leves, lentas, pesadas ou pequenos toques do pincel; outras vezes uma dança, com belos movimentos de braços, mãos e claro, arabesques, trazendo a mesma sensação do passo da dança, a leveza, o "voar"...

http://www.hotshare.net/audio/108946-73993152dd.html

* pra ouvir a música, copiem o link no navegador e cliquem na opção "baixar esse áudio", alguma coisa assim, porque por alguma razão que eu desconheço, ele não toca no site. Se mesmo assim não der certo me mandem um e-mail, naznindoventre@gmail.com que eu envio a música. Ela é muito linda, vale a pena!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Os eventos de dança do ventre estão crescendo!

Anualmente, temos centenas de workshops, encontros e eventos em dança do ventre, e parece que eles estão aumentando cada vez mais. Acho que isso é sinal de que a dança está crescendo, ficando mais popular e conquistando mais praticantes e admiradores. E o melhor é que isso está acontecendo devido ao esforço das pessoas envolvidas na dança, não tem mais novela nem nada fora do mercado da dança que explique esse crescimento.

Claro que existem ótimos eventos pequenos, mas neste post vou falar dos grandes de São Paulo (onde eu vivo), daqueles eventos que já são tradicionais e onde muita gente da área, de diferentes escolas e estilos encontram-se. No momento consigo pensar em 3: Mercado Persa, Encontro Internacional BeleFusco e Festival Internacional das Escolas Luxor.
Eu já participei de duas edições de cada um deles, e acho que 2009 tem tudo pra ser um grande ano nestes eventos. Vamos começar pelo Mercado Persa, que é o primeiro do ano...

Até o ano passado o Mercado Persa durava 2 dias, com workshops, competições e mostras. Já ouvi dizer que ele é o maior festival de dança do ventre do mundo. Tem escola de todo o canto do Brasil, profissionais, amadoras e admiradores andando juntos pelos corredores, se encontrando nos banheiros, rsrs, um grande momento da dança. E esse ano tem tudo pra ser maior ainda. Agora são 3 dias, não apenas 2, com vários workshops e o 1º Congresso Mercado Persa, com palestras sobre dança e outros assuntos ligados a ela. Além de tudo que já acontecia nas edições anteriores.

O segundo grande evento da dança, Festival BeleFusco já tem data também: 11 a 13 de setembro, com presença da Saida, Mario Kirlis, Hakim Al Yassir e as brasileiras Renata Lobo, Carol Koga e Shadia El Gamila. Eu só não sei quem vai dar aula onde, já que no ano passado variou de estado a estado, mas geralmente os artistas internacionais dão aula em todos os estados. Esse festival também cresceu, tem mostras, competições e os workshops. E neste ano haverá um festival só para tribal, também organizado pela Belefusco, será em julho, com a participação da Mardi Love e da Sharon Kihara (em seu 3º ano consecutivo no Brasil).

Por fim, Festival Internacional das Escolas Luxor. Até o ano de 2007, o festival acontecia no hotel Crowne, perto da Av. Paulista. No ano passado mudou para o teatro APCD, com uma estrutura beeeeem maior que a do hotel. Todos os anos uma grande artista egípcia é convidada. No ano retrasado veio a Randa, no passado a Raqia Hassan, este ano ainda não sei. Ele acontece geralmente em outubro, novembro, por aí. Também tem as mostras (Noite da Amizade) e as avaliações dos professores (Noite da Conquista). Pelo que eu reparei, foi o evento que mais cresceu entre 2007 e 2008 (talvez devido à mudança de espaço e ao preço, que foi justo na minha opinião).

O que eu também notei sobre esses eventos é a melhora na organização. Percebe-se que há um esforço enorme para que os horários sejam cumpridos e para acomodar todas as participantes.

São perfeitos? Não, claro que não! Eu mesma poderia escrever uma série de coisas com as quais eu não concordo em cada um deles, mas não é o objetivo deste post (ainda vou colocar algumas dessas coisas por aqui). O que eu acho ótimo é que o crescimento desses eventos mostra que a dança do ventre está ficando mais popular, que mais meninas estão se interessando por ela. E mesmo que um ou outro desses eventos não agrade a algumas pessoas, por serem de "escolas concorrentes", ou por terem artistas convidados que não agradem ao gosto pessoal de cada uma, ou por qualquer outra razão, não se pode negar a importância deles no cenário da dança. Também acho que eles são uma boa oportunidade para contatos profissionais, para mostrar as novas caras da dança e tudo que está acontecendo de novo, seja vindo dos EUA, do Egito, da Argentina ou do Brasil mesmo. E mesmo pra quem não pratica dança do ventre, vale pelos shows que são apresentados, mesmo que não sejam tooooooodos, há sempre algo bacana, seja tradicional ou não.

Enfim, acho que contanto que a qualidade seja mantida, é ótimo ter cada vez mais opções. Acho que quem mais sai ganhando com a evolução desses eventos é a própria dança.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Dicas de leitura

Achei uma citação muito bonita de um livro e resolvi colocar aqui. Eu não li o livro (ainda), achei em um catálogo, muito bom por sinal.

“Os russos não me consideram russa, os franceses não me consideram francesa e os brasileiros não me consideram brasileira.Então decidi: sou bailarina”.
Tatiana Leskova

Pra quem estiver buscando livros sobre dança, aqui está o catálogo:

http://www.conexaodanca.art.br/compras.htm

Eu li apenas dois, "Dança do Ventre - Ciência e Arte" da Patrícia Bencardini e "A Dança" do maravilhoso Klauss Vianna. Ambos são ótimas leituras, mas o último não tem nada de dança do ventre, e sim ballet, dança moderna e claro, a criação do método Klauss Vianna. Mas a vida dele e coragem para quebrar barreiras dentro dos limites pré-determinados são inspiração pra qualquer pessoa que goste de arte, que procure o novo. Ele inspirou e continua a inspirar muitos bailarinos.
Enfim, se alguém for ler um dos dois livros, ou já tiver lido, e quiser discutir à respeito, é so falar que eu faço um post aqui. E se alguém já tiver lido outro do catálogo e quiser recomendar, sinta-se a vontade!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Disciplina

"Deus dá o talento, mas é o trabalho que transforma o talento em gênio."
Anna Pavlova

"Talento é 1% inspiração e 99% transpiração”.
Einstein

Hoje eu estava pensando, como é bom estar de férias e poder praticar dança por várias horas diariamente.
Dança não é minha profissão, sou estudante de dança do ventre, mas sou professora de inglês e tradutora profissionalmente. Mas a questão é, será que eu daria conta? Será que eu seria capaz de ser uma bailarina profissional?
Eu amo dança do ventre, não canso de repetir isso. Estou sempre pesquisando, ouvindo músicas, estudando ritmos e dançando, mas nem de longe tenho a disciplina de uma profissional. Já fiquei sem praticar por uma semana, já faltei na aula porque não tinha estudado, e já optei por ficar jogada no sofá em vez de colocar as sapatilhas e ir dançar, confesso!!!, e não foi só uma vez não. Essa não é bem a postura de uma profissional (tenho a desculpa esfarrapada na ponta da lingua: sou amadora, sou amadora!!).
Nestes últimos 3 dias ensaiei mais ou menos umas 3 horas cada dia. Pra começar, estou beeeem dolorida, embora eu faça alongamento antes e depois do ensaio e não seja sedentária. Mas acho que isso deve ser normal. Bailarinas profissionais, não só de dança do ventre mas de outras danças ensaiam várias horas TODOS OS DIAS, chegando até a 6, 7 horas de ensaio. É um trabalho árduo, difícil e com muitos calos, dores e suor no caminho. O resultado é maravilhoso, nada como ver uma profissional no palco, mostrando em 5, 10 minutos o trabalho de uma vida inteira. Mas chegar a esses minutos EXIGE o trabalho anterior, as repetições, as frustrações e toda a parte chata que as "bailarinas de fim de semana" podem se dar ao luxo de pular (podem mesmo???). Eu digo por experiência própria, não estou julgando, estou falando por mim. Eu me apresento sim, mas como sou aluna, o erro é perdoável, "tadinha, tá aprendendo", agora vê se o público perdoa erro de profissionais. De jeito nenhum, caem matando!
Eu não tenho intenção de me profissionalizar, pelo menos não por enquanto, não por causa do trabalho que é necessário, mas porque estou feliz com minha profissão. Não sei se será assim pra sempre, mas no momento sim. Mas enquanto estou de férias vou tentar ter a disciplina de uma profissional, só pra ter o gostinho, rsrs...e quem sabe depois não consigo incorporar mais disciplina na minha rotina. Tudo bem, não sou profissional, mas gostaria de ter a disciplina de uma, e não só gostaria, vou tentar! Ah, e quanto às dores, vou abstrair...é como dizem: no pain, no gain!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Coreografar

Oi gente, um feliz ano novo para todo mundo, com muita alegria, saúde e dança, óbvio!

Bom, hoje gostaria de falar um pouco sobre coreografia, coreografar na verdade.
No sábado eu comecei minha "lição de férias", que consiste em preparar uma coreografia simples que poderia ser apresentada para um público leigo em dança do ventre.
Escolhi uma música pop árabe de 4 minutos. Planejei entrar com o véu, incluir movimentos simples e algo diferente, com a minha marca na coreografia. Estou simplificando bem, claro que tudo foi sendo pensado aos poucos, mas não vou me estender aqui.
Eu já montei algumas coreografias antes, mas dessa vez, fiquei 3 horas ensaiando, fazendo mil anotações, ouvindo a música uma vez atrás da outra, e depois dessas horas, sai praticamente sem nada pronto! E isso me levou a pensar...por que o processo está ficando tão complexo? Não deveria ser o contrário? Quanto mais experiência e maior o repertório de passos, coreografar não deveria ser mais rápido?
Depois do ensaio, fui para a internet e fiz algumas pesquisas sobre coreografias. Nem preciso dizer que sobre o assunto ligado à dança do ventre achei pouquíssimas coisas. Acabei encontrando mais em dança de salão, especialmente. Encontrei alguns roteiros, dicas para montar uma coreografia, etc.
No domingo, sentei a bunda na cadeira e continuei um trabalho mais teórico. Comecei a ouvir a música e pensar nos passos dentro do tempo dela, não em contagem de 4, ou de 8, mas marcando o que eu poderia fazer quando a música está em 30 segundos, por exemplo, depois quando ela muda nos 40, e assim em diante.
Claro que mesmo a música sendo simples (tem um ritmo constante, sem ser nenhum dos ritmos árabes, só com um said em 2 ou 3 momentos) e tendo muitas partes que se repetem, pensei em contar uma historinha, e assim fui montando minha coreografia. Consegui coreografar 3 minutos dos 4.
Hoje vou colocar na prática tudo que eu escrevi ontem. Vou ver se o corpo aceita bem a historinha que eu criei para essa música, senão, sentar novamente e escrever outra história.
Não sei se existe um roteiro para coreografia na dança do ventre. Acho que é muito pessoal, algumas bailarinas devem ir mais pela música, outras mais pelos tempos, e por aí vai. Claro que também conta muito a experiência de cada uma. Mas eu tive a impressão com essa coreografia de que quanto mais se sabe, mais difícil fica, mesmo com uma música aparentemente simples. Mas, pelo menos pra mim, o desafio maior é cada vez mais prazeroso. Coreografar, por mais trabalhoso que seja, é maravilhoso!