quarta-feira, 27 de abril de 2011

Meditação de Thaís

Meditação de Thaís é um trecho da ópera Thaís de Jules Massenet, baseada no livro de mesmo nome de Anatole France.

Embora existam algumas diferenças entre a ópera e o livro, em geral ambos contam a história da personagem que dá o nome das obras – Thais – uma dançarina, atriz e cortesã de Alexandria, e as histórias são ambientadas no século 4. Thais encantava a todos com sua beleza e sua dança.

Na trama, Athanael, um monge cenobita, faz de tudo para converter a pagã Thais à Cristandade. Na verdade, Athanael apaixona-se por Thais, e transforma seus desejos ocultos por ela em uma obsessão por transformá-la em uma verdadeira dama cristã.

Thais, por sua vez, vive o conflito de ver sua juventude ir embora e ter de reconhecer sua própria mortalidade. Nesse momento de fraqueza, Athanael consegue convencer e levar Thais para um convento para que ela seja convertida. Mesmo conseguindo seu objetivo, Athanael não consegue esconder seus sentimentos por Thais, e quanto mais tentava esquecê-la, mais seus desejos o assombravam.

Quando Thais está no convento, ela torna-se uma santa. Após anos lutando contra seus próprios sentimentos, Athanael fica sabendo que Thais está morrendo, mas quando decide confessar seus sentimentos por ela, já é tarde demais. Thais morre de inanição (causada por ela mesma) nos braços de Athanael, logo após ele confessar seus sentimentos a ela.

A ópera não é encenada com muita frequência devido às dificuldades vocais que ela apresenta. São poucas as sopranos que conseguem cantá-la. A meditação de Thais é o trecho mais famoso da ópera e foi escrito originalmente para violino. Hoje podemos ouvir versões para piano, piano e violino, e orquestra, e é considerada uma das mais belas melodias de todos os tempos. Na ópera, a meditação é um interlúdio, ou seja, uma parte de transição entre atos, o momento em que Thais começa a questionar-se sobre seu futuro e pede à deusa Vênus que mantenha sua beleza.

Durante a pesquisa para escrever este post, eu encontrei uma entrevista de Renée Fleming, soprano, considerada uma das maiores intérpretes de Thais. Neste trecho que traduzi para colocar aqui, ela explica um pouco melhor sobre a personagem que interpreta, e termina fazendo uma relação que podemos facilmente enxergar na dança do ventre.

“Thais não é apenas uma obra musical. Sob o ponto de vista da atuação, ela também é um interessante estudo psicológico.
Ela é uma figura bastante moderna. Algo importante de se entender é que a palavra “cortesã”, especialmente na época em que Massenet escreveu a peça, tinha conotações completamente diferentes – e muito mais positivas – do que as de hoje. Referia-se a mulheres mais resguardadas do que a prostitutas. [...] Essas mulheres tinham vidas fascinantes. Elas eram completamente independentes, ao contrário das mulheres casadas, e podiam viver cercadas pelos grandes artistas e mentes de seus dias. Thais também é uma grande atriz e performer, uma estrela, e é precisamente por essa razão que Athanael deseja convertê-la. Então ela é um personagem maravilhoso para interpretar, tanto por sua confiança aparente quanto pela forma como ela utiliza seus dons de sedução para dominar seu próprio mundo. Mas ela também é incrivelmente solitária. Ela percebe que, no futuro, uma vez que sua beleza tenha desaparecido, ela não terá mais nenhum valor na sociedade, e está em um busca desesperada por algo mais. Essa busca por uma vida espiritual além da beleza física passageira relaciona-se conosco atualmente – relaciona-se às pessoas de qualquer época.”

Na dança, também podemos encontrar diversas interpretações para “Meditação de Thaís”. Essa peça, embora podendo ser executada por mais de um instrumento, apresenta a mesma carga emotiva e intimista de um taksim da música árabe. É aquele momento em que a bailarina dança “o conflito” e reconta a história de Thais através de seus gestos e expressão. E mesmo sendo uma peça escrita originalmente para o canto, “Meditação de Thaís” nasceu para ser dançada.

Além do belo vídeo da Ariella (que com certeza estudou muito para criar sua apresentação dessa música), existem outras interpretações muito lindas dessa música. Eu selecionei uma do tradicional ballet, e outra da patinação artística. Os 3 vídeos não devem ser comparados (todos possuem belas histórias sendo contadas com muita qualidade nas execuções, cada um dentro de sua própria expressão artística), são todos bonitas representações da mesma melodia. O da Ariella já está no post anterior, então aqui estão os outros dois.



Fontes:

http://www.nytimes.com/2008/12/10/arts/music/10thai.html
http://www.suite101.com/content/philosophy-and-fiction--thais-by-anatole-france-a211884
http://operaciv.org/Thais.htm
http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2008/12/fleming-protagonista-de-thas-de-jules.html

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira é dia de... dançar!!!

Esse é o vídeo de uma apresentação da bailarina Ariella da Casa de Chá. Para mim, a Ariella é o mais novo talento da dança, e será o tema de um próximo post. Esse vídeo emociona por várias razões - pela música, pela história, pela interpretação da Ariella... também escreverei futuramente sobre essa música e suas diferentes leituras na dança.

Por hoje, encantem-se! E boa Páscoa a todos!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mercado Persa 2011


Mercado Persa é sempre um momento marcante na dança. Mesmo quem não curte e não frequenta (mais) o evento sabe do que se trata e acaba envolvido de alguma forma.
Eu não aguento e acho que nunca vou aguentar frequentar os 3 dias do evento... simplesmente não tenho condições físicas para tal. Um dia já é o bastante para mim. Eu estive no evento ontem (domingo), que pelo que me disseram, foi o dia mais cheio (provavelmente porque é no domingo que acontece os concursos profissional e de grupo clássico).
Pontos positivos
1 – o que eu mais gosto no Mercado Persa: ver pessoas de muito longe, pessoas queridas (como a Verinha e a diva Danna Gama, por exemplo), reunião de estilos, a bagunça, as risadas...
2 – Figurinos: acho que foi o ano que percebi o maior cuidado com os figurinos, principalmente os de concursos. A grande maioria impecável! Destaque para o trabalho da Simone Galassi e da Ju Marconato. Aliás, eu não assisti, mas ouvi falar que o desfile da Simone foi um desbunde!!! Não vejo a hora de ver os novos figurinos!
3 – Grupos clássicos: lindos se morrer, com poucas exceções. Pra variar, o grupo da Kahina arrasou!!! Até achei que levariam o bi-campeonato, mas elas não ganharam. O grupo da Ju Marconato também foi muito bem, e eu e a Rhazi ficamos discutindo sobre qual teria mais chances, o dela ou o da Kahina – dúvida cruel!! Mas em geral as professoras e coreógrafas fizeram um ótimo trabalho. Parabéns a todas!
Pontos negativos
1 – Embora tenham se apresentado grupos muito bonitos, em geral eu acho que o nível caiu um pouco em relação ao ano passado. E principalmente no critério imaginação: as mesmas músicas de sempre, Jesus!!! Tudo bem que no clássico não se pode inovar no repertório muito mesmo, mas poxa, na fusão e no moderno o povo podia pirar!!! E embora diferentes estilos tenham sido ‘fusionados’, as músicas em si não foram além do velho repertório que a galera já ouviu bastante. Aliás, um dos grupos de fusão teve a infeliz ideia de usar um funk “da dança do ventre” – cuja “letra” incluía coisas do tipo “essa dança sensual que deixa os homens loucos”, “mexe o popozão com a dança do ventre”... eu vi, com meus próprios olhos, e juro que estou tentando esquecer até agora... talvez eu seja conservadora demais, mas não gostei nem um pouco. E também tiveram uns 2 grupos que eu não entendi qual era a fusão que eles estavam propondo.
2 – Esse não é bem um ponto negativo, mas um ponto de dúvida... na categoria profissional, o tema da final era dança com bengala e bastão. Eu só consegui assistir às 4 últimas concorrentes porque eu estava no salão de cima assistindo aos grupos de fusão. As 4 meninas que vi foram muito bem, uma delas dançou com bastão duplo e arrasou! Fiquei sabendo que a campeã chama-se Linda Muller – não sei se foi uma das que eu vi, mas já estou investigando. A minha dúvida foi em relação à proposta. No regulamento dizia o seguinte
“Nesta categoria o objetivo não será enfatizar a tradicional dança do bastão de raiz mas sim um estilo de dança mais sofisticada que se desenvolveu nas ultimas décadas para execução de shows em casas de espetáculos.”
Mas parece que todas apresentaram dança de bastão tradicional. Teve uma menina que até dançou Luxor Baladna! (minha música do coração!!!) Fora esse detalhe, as meninas dançaram bem, os figurinos estavam de acordo, bem luxuosos, mas esse detalhe me deixou com a pulga atrás da orelha...
3 – Atraso: quando eu fui embora, já eram 20h30 e os grupos clássicos ainda estavam se apresentando. Eu acho que teve um atraso de 1h, 1h30min, que embora seja bastante comum em eventos em geral, não deveria acontecer no Mercado Persa, muito menos no domingo, já que tem muita gente que tem que pegar estrada e trabalhar cedo na segunda-feira. Fora que isso também acaba com os nervos de quem vai competir. Não sei que horas acabou, mas pelo jeito o negócio foi longe.
E é isso! Ano que vem tem mais, e vamos ver quais outras surpresas teremos pela frente...

******
Em tempo...

Achei o vídeo da bailarina que venceu o concurso profissional, Linda Muller, e acho que de fato eu não me enganei quanto ao regulamento. Ela fez em seu solo o que foi proposto: dança de bengala para show. Ponto para os jurados que reconheceram isso. As apresentações que eu assisti - conforme mencionei acima - foram bonitas, porém tradicionais.

Parabéns a Linda pela conquista!

E achei também o 1o lugar do folclórico, que foi para... Kahina!!! Foi no sábado, então não assisti ao vivo, mas vendo o vídeo fico me perguntando como ela treina essas meninas???? Tudo sai tão sincronizadinho... uma graça! Parabéns à Kahina e ao grupo!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sexta-feira é dia de... dançar!!




Não dá pra ficar indiferente...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

To be or not to be (a professional)


Há um tempinho já estou com uma sensação em relação à dança... hoje vi o post da Zahira Nader chamado “Evoluções” e resolvi escrever sobre meus devaneios também. E a pergunta que resume a sensação que estou vivendo agora é “E agora?”.
Estudo dança do ventre há 5 anos, e embora não seja tanto tempo assim, estou num momento em que estou me sentindo estagnada. Não estou com preguiça de treinar, nem estou perdendo o gosto pela dança, muito pelo contrário, estou cada vez mais envolvida, mesmo tendo que dividir meu tempo entre outras coisas. Mas a grande dúvida é se busco a profissionalização ou não. Embora eu ame dançar e já seja professora em outra área, não sei se quero ser professora de dança do ventre e uma bailarina profissional... é uma sensação estranha, já que aparentemente a profissionalização foi um passo natural para a maioria das meninas que estão dançando há um determinado período de tempo.
Como forma de dar uma sacudida nas coisas, estou pensando seriamente em prestar o selo da Lulu. Acho que o processo de preparação (a escolha das músicas, os ensaios e a gravação dos vídeos) será fundamental para esclarecer algumas questões na minha cabeça, fora o feedback exclusivo da Lulu – um olhar de fora, com toda a experiência que só ela tem. Gostei muito da proposta de ter apenas a Lulu avaliando e depois de ter uma conversa pessoalmente com ela sobre meus pontos a melhorar... acho que não poderia ser melhor que isso. Talvez depois desse contato com ela e com a avaliação sobre minha dança, sem concursos, sem competição, o próximo passo fique mais claro.
Também concordo com a Zahira quando ela diz no post dela que devemos buscar novos desafios pra dar uma sacudida nas coisas, por isso pensei no selo da Lulu, e talvez começar um novo estudo, ler coisas diferentes, buscar novos ídolos para inspiração... até ‘o que’ buscar está me deixando em dúvida...
Acho que o post ficou tão confuso quanto eu... reflexo do momento...    

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sexta-feira é dia de... dançar!!!!

Dançar muito, cada um em seu estilo, coreografado ou no improviso. Só sei que sexta-feira é dia de dançar!!! Então, vídeos para inspirar...

A lenda... tem gingado, tem alegria... lindo de ver!


Mais duas lendas (vivas) bem conhecidas da DV - meus objetos de estudo atualmente.

Pra mim, dois bailarinos. As artes marciais têm tanto em comum com a dança (disciplina, trabalho com o corpo, alternâncias entre leveza e força, etc)

E pra momentos mais descontraídos (pra gargalhar e chorar de rir)...

Pra que levar tudo tão a sério, não?


Mais um artista oprimido...

Agora vou é dançar!!!!